Em julho fui convidada para o Desafio dos Fotógrafos do caderno Moda e Sociedade do Jornal de Beltrão. O objetivo era elaborar um ensaio fotográfico a partir de um dos temas dos quais eles me ofereceram.
Como naquela semana eu estava fotografando o portfólio da Carla Algayer, e um dos cabelos a serem fotografados era característico dos anos 20, logo surgiu a ideia de fazer uma releitura de um filme de época. Então optei pelo tema "Cinema na Moda" - e lá vou eu com mais ensaios temáticos hehe.
O filme escolhido foi O Artista (2011), ganhador do Oscar 2012, cinema mudo e em preto e branco - recomendadíssimo! Quem ainda não viu, dá uma olhada no trailer:
Logo após a sessão de fotos para o portfólio, aproveitamos a produção da Carla e fomos fotografar a modelo Julise Arosio Pereira, que interpretou a personagem principal do filme. A produtora de moda Juliana Thomé nos ajudou com os looks.
Assim como o filme, o ensaio foi totalmente em preto e branco. Fotografei apenas com uma 50mm f/1.2 e joguei o ISO lá em cima, o que geralmente evito fazer (mas que nesse caso tornou o ensaio mais interessante, na minha opinião.)
Minha entrevista esclarece um pouco mais sobre o conceito do ensaio:
Minha entrevista esclarece um pouco mais sobre o conceito do ensaio:
JdeB - Pra você, o que representa o tema desse ensaio?
Patrícia Soransso: "Cinema na moda", para mim, significa transição e adaptação. O cinema e a moda são culturas bastante interligadas, pois com frequência ele dita tendências que serão seguidas na moda na próxima estação. A moda também resgata características do passado para as passarelas. O cinema nada mais é do que fotografia em movimento. Porém, o cinema possui som e a fotografia, não. Durante a década de 20, houve uma transição do cinema mudo para o cinema falado, o que fez com que grande atores decaíssem, surgindo uma nova geração de atores que, além de fazer gestos, teriam que falar. Isso também ocorreu na fotografia: a transição da fotografia analógica para a digital — a adaptação ao novo.
JdeB - Como você desenvolveu o ensaio?
Patrícia: Com a ajuda da cabeleireira e maquiadora Carla Algayer e produção de Juliana Thomé, fizemos uma releitura do filme "O Artista" (2011), que possui todas as características de um filme antigo da década de 20, mudo e preto e branco. Parte das fotografias do ensaio foi uma tentativa de reproduzir igualmente as cenas marcantes do filme. Escolhemos a Julise Arosio Pereira, que possui características parecidas com as da protagonista do filme, Peppy Miller, que no filme é uma atriz superespontânea que se torna estrela de Hollywood. A Julise possui pele clara, o que acentua o batom escuro e a sobrancelha fina, como era usado na época. Cabelo curto e ondas eram a febre do momento. Para o figurino da época, resgatamos as franjas, colares compridos, brilhos, vestidos curtos e retos que tinham a finalidade de voltar a atenção aos tornozelos, já que a mulher sensual da década de 20 era sem curvas, com pouco seio e quadris pequenos.
JdeB - Enfrentou alguma dificuldade na produção do ensaio?
Patrícia: A parte difícil foi a busca de locação e objetos da década de 20 para compor o cenário. O que consegui foi a casa do falecido Primo Tramontina, construída em meados de 1962, que ainda possui móveis de época. Minha avó Valentina Soransso também cedeu alguns objetos antigos. O restante das peças retrô de decoração foi comprado na internet.
JdeB - Como você iniciou na fotografia?
Patrícia: O meu interesse pela fotografia surgiu quando criança, ao mexer nas máquinas Polaroids do meu pai, além de observá-lo fotografando viagens com uma Canon reflex analógica. Às vezes eu "roubava" a câmera e saía fotografando a natureza, até que um dia reclamaram que eu gastava muitas "poses" fotografando coisas desnecessárias. Aos 14 anos, ganhei minha primeira digital compacta — o problema com os filmes havia acabado. Os megapixels abriram caminhos maiores à minha criatividade. Comecei fotografando animais, insetos, brincava com macrofotografia e também registrava shows que aqui aconteciam. Nessa época, aprendi a mexer no Photoshop sozinha e comecei a estudar sobre fotografia na internet, postava meus registros em redes sociais voltadas para fotógrafos, que também foi importante para o meu aprendizado através das críticas. Ali, percebi que a fotografia, além de dom, é um constante aprendizado. Então, comecei a me sentir limitada com uma câmera automática e, aos 17 anos, ganhei minha primeira câmera digital profissional com funções manuais. Tive apenas uma aula de fotografia com o André Mello, colega de faculdade que na época já era fotógrafo profissional. No começo, foi difícil compreender os números e regulagens, mas com a prática constante você começa a entender como a luz funciona. Depois de encarar a fotografia como hobby, comecei a fotografar profissionalmente, iniciando pelos eventos sociais. Me formei em publicidade e decidi focar um pouco mais nessa área, onde consigo desenvolver mais meu lado artístico.
Confiram as fotos e a entrevista na íntegra:
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